Video - **"Sussurros na Escuridão: O Convite Fatal"**
A luz da lanterna, um círculo trêmulo de amarelo doentio, tremeluzia no corredor empoeirado, levantando névoas de poeira antiga que cheiravam a mofo e desespero. Nestor sempre ouvira sussurros nos últimos nove minutos antes da meia-noite – lamentos indistintos, como vento frio em frestas. Mas naquela noite, a voz era um contralto gelado, cristalino e invasivo: "Ajude-me...". O ar ficou subitamente rarefeito e cortante, como se o próprio oxigênio tivesse fugido. As sombras não apenas dançavam; elas se rasgavam nas paredes descascadas, moldando-se em caretas de agonia e ódio. Ele viu olhos vazios e bocas abertas em gritos mudos. Nestor, cada músculo paralisado por um terror visceral que roubava o calor de seus ossos, viu então a mão. Era esquelética, de um branco ossudo e úmido, com unhas longas e amareladas, emergindo lentamente das tábuas do assoalho. Ela agarrou seu tornozelo, e a sensação era de gelo queimando a pele. O puxão era lento, inelutável, como um peso afundando na lama. Ele tentou gritar, mas o som foi engolido pela escuridão viscosa que parecia preencher sua garganta. Nos últimos nove minutos, enquanto era arrastado, ele finalmente compreendeu, em um lampejo de terrível lucidez: não era um pedido de ajuda, mas sim uma convocação. Um ritual para preencher uma vaga. Quando o relógio soou a meia-noite, um silêncio sepulcral e absoluto desceu sobre a casa. Não havia mais luz na lanterna. Nestor não era mais um homem, mas uma sombra esguia e ressentida que se juntava às outras, eternamente presa a sussurrar o mesmo "Ajude-me..." no corredor. Seu tormento era agora o convite.