Video - Sombra da Sede
"Sede de Sangue" Nas colinas isoladas de uma fazenda no interior do Maranhão, o jovem Tiago cuidava sozinho do rebanho de sua família. Seus pais haviam viajado, e ele ficara encarregado das cabras — mais de vinte delas. Era uma tarefa simples, pensou. Até a terceira noite. Tudo começou com o barulho. Um arranhado leve na porta do galpão onde dormiam os animais. Tiago acendeu a lanterna, mas não viu nada. Achou que fosse algum gambá ou tamanduá. Voltou a dormir. Na manhã seguinte, encontrou uma cabra morta. Sem sangue. Com dois furos perfeitos no pescoço. Ele achou estranho, mas ainda não ficou com medo. Na quarta noite, acordou com os gritos das cabras. Gritos de puro pavor. Correu até o curral com a espingarda do avô nas mãos. A luz da lanterna tremia enquanto ele iluminava os cantos. Foi quando viu a coisa. Era menor do que um homem, mas mais rápido que qualquer animal que Tiago já vira. Tinha a pele escura e enrugada, como couro velho, olhos vermelhos como fogo e uma boca cheia de dentes finos. Estava sobre uma cabra, sugando-lhe o sangue como um morcego demoníaco. Tiago disparou. A criatura pulou, gritando um som agudo e cruel. Correu para a mata e desapareceu. Na manhã seguinte, quatro cabras estavam mortas. Tiago chamou um padre, depois chamou caçadores. Ninguém achava rastros. Ninguém ouvia nada. Mas a cada lua minguante, o chupa-cabra voltava. E naquela fazenda, até hoje, dizem que ele ainda espreita nas sombras, esperando a próxima noite sem lua... quando a sede de sangue volta a arder.