Video - **Reflexos da Eternidade: O Chamado da Casa Abandonada**
Na penumbra da Casa Abandonada, Ana sentiu o cheiro de mofo e algo mais doce, quase sedutor. As sombras dançavam nas paredes, sussurrando segredos esquecidos. Ao tocar a porta rangente, um eco distante a chamou. "Entre..." A voz soava familiar, mas não era dela. O chão estalava sob seus pés, revelando uma escada que descia para a escuridão. Lá embaixo, um espelho manchado refletia não seu rosto, mas o de uma criança, olhos vazios e sorriso torto. A imagem se distorceu, e Ana percebeu: não era ela quem estava presa. O espelho, em suas bordas rachadas, parecia engolir a luz, criando uma aura fantasmagórica. Ana tentou se afastar, mas seus pés estavam paralisados, como se a escuridão abaixo a estivesse puxando para dentro daquele reflexo. A voz, agora mais forte, ecoou novamente: “Você vai entender...” Com um esforço sobrenatural, ela conseguiu dar um passo para trás, mas o ambiente parecia se mover em torno dela. O som do rangido da porta se misturava ao estalo das tábuas do chão, como se a própria casa estivesse viva, observando, esperando. O ar estava denso, e o cheiro doce que ela havia sentido antes se transformou em um odor enjoativo, de algo apodrecendo lentamente. O espelho, agora não mais refletindo a criança, começou a se distorcer novamente, e a imagem que surgiu foi a de uma mulher. Ela tinha os cabelos desgrenhados e a pele pálida. Ana deu um passo adiante, fascinada pela imagem, seus dedos quase tocando o vidro. “Quem é você?” sussurrou, mais para si mesma do que para o espelho. A mulher sorriu, mas o sorriso foi algo monstruoso, como se estivesse forçando a própria pele a se esticar além dos limites humanos. "Aquele que se esquece de si..." A voz foi uma combinação de várias outras, distorcidas pelo tempo e pela dor. Com um choque, Ana percebeu: o reflexo não era dela. Era a mulher que havia morrido naquela casa há anos, uma alma que nunca deixou o lugar. E agora, Ana, de alguma forma, começava a se tornar parte dela.