Video - O Reggae do Maranhão: A Jamaica Brasileira!
O Reggae no Maranhão: uma história única O reggae chegou ao Maranhão no final dos anos 1970, trazido por ondas de rádio do Caribe, discos importados e marinheiros que passavam por São Luís. Diferente de outros lugares do Brasil, onde o reggae ficou associado a movimentos políticos ou universitários, no Maranhão o ritmo encontrou raízes populares. Ganhou força nas periferias, nos bairros de classes trabalhadoras, onde suas batidas cadenciadas ecoavam nas festas de bairro e nos tradicionais "radiolas", poderosos sistemas de som que se tornaram a alma do reggae maranhense. As radiolas — como a Estrela do Som, Voz de Ouro Canarinho e Pop Som — eram verdadeiros templos da música. Os DJs, chamados de "radiolenses", tinham a missão de selecionar os discos mais raros e emocionantes, sempre valorizando o reggae de raízes, romântico e de melodia suave, conhecido como "reggae de vinil". A dança também virou marca registrada: os casais dançavam agarrados, deslizando pelo salão num movimento hipnótico, que ficou conhecido como o "dois pra lá, dois pra cá". Ídolos internacionais como Bob Marley, Peter Tosh e Jimmy Cliff se popularizaram em São Luís, mas o reggae maranhense construiu também seus próprios heróis. Nomes como Natty Nayfson, Fauzi Beydoun (líder do Tribo de Jah), e bandas como a Capital Roots e Legenda Negra ajudaram a dar identidade local ao gênero. O reggae virou um modo de vida, influenciando moda, linguagem e comportamento. Em 2018, o reggae de São Luís foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), oficializando aquilo que o povo já sabia: o Maranhão é a "Jamaica Brasileira", um território onde o reggae encontrou seu lar. Hoje, o reggae pulsa nos bares, nas festas de bairro, nas praias e no coração do povo maranhense, misturando tradição e renovação, resistência e alegria.