Video - Liberdade nos Cachos: A Jornada de Maria
Maria (uma moça branca, de cabelos pretos encaracolados e longos)cresceu no campo, onde tudo era simples, e ninguém se importava com a forma como ela usava o cabelo. Seus cachos apertados, volumosos, eram parte dela, um reflexo da sua essência e da sua ancestralidade. Mas quando precisou ir à cidade vender os produtos da fazenda da família, percebeu que ali as coisas eram diferentes. Os olhares a seguiam por onde passava. No mercado, ouviu sussurros: — Olha isso… Por que ela usa esse cabelo assim? Tá querendo ser algo que não é? Outro riu e disse: — Se quer parecer preta, que pelo menos faça direito. Maria (uma moça branca, de cabelos pretos encaracolados e longos) abaixou a cabeça, sentindo um nó na garganta. Nunca havia pensado que seu cabelo pudesse ser um problema. Naquela noite, em casa, decidiu alisá-lo. Se isso era o que precisava para se encaixar, então faria. Mas ao dormir, teve um sonho que mudou tudo. Maria (uma moça branca, de cabelos pretos encaracolados e longos) estava em um campo florido, e à sua frente apareceu sua bisavó, Dona Cecília, uma mulher negra de olhos doces e postura firme. Vestia um longo vestido branco e um lenço azul na cabeça. — Minha menina, por que quer esconder quem você é? — perguntou a bisavó, com um olhar amoroso. — Eu só… quero ser aceita. Quero ser igual às outras… — Maria respondeu, com a voz embargada. Dona Cecília sorriu e tocou os cabelos da bisneta com delicadeza. — Você não nasceu para se encaixar, nasceu para ser livre. Cada cacho seu conta nossa história. Eles tentam apagar, mas nossa raiz é forte. O vento soprou, e Maria sentiu seus cabelos voltarem ao natural, como se nunca tivessem sido tocados. Ela sorriu, sentindo-se inteira novamente. Ao acordar, Maria ( uma moça branca, de cabelos pretos encaracolados e longos ), correu até o espelho e viu seu reflexo. Pegou a chapinha e, sem pensar duas vezes, jogou-a no fundo da gaveta. Seu cabelo era parte de quem ela era. E ela nunca mais tentaria escondê-lo.