Video - Entre Túmulos: Vozes do Além em Vassouras
“Sou o coveiro do Cemitério Municipal de Vassouras, no interior do Rio. Aqui, os mortos não descansam. Eles esperam.” Sempre achei que quem tem medo de fantasma é porque nunca trabalhou sozinho num campo de ossos depois da meia-noite. Mas eu já vi demais. Tudo começou quando ouvi passos entre as lápides. Passos leves, arrastados… como quem esqueceu como caminhar. Apontei a lanterna e vi pegadas se formando no barro sem ninguém ali. Como se pés invisíveis estivessem passeando entre os túmulos. Depois vieram as vozes. Elas sussurram meu nome de dentro das covas recentes, sempre no exato momento em que fecho o último punhado de terra. Vozes fracas, abafadas, implorando: “Não me deixa sozinho…” Mas a pior noite foi quando encontrei a velha sepultura aberta. Não violada. Aberta por dentro. E, na beirada dela, sentada como uma criança perdida, havia uma mulher pálida, cabelo molhado, vestido de enterro ainda preso ao corpo rígido. Os olhos dela… azuis e vazios, como dois buracos de céu morto. Quando dei um passo pra trás, outras figuras surgiram atrás das lápides — silhuetas transparentes, contorcendo a cabeça, observando como animais curiosos. Nenhum som. Nenhuma ameaça. Só… fome de atenção. Hoje, quando caminho entre os túmulos, sinto dedos frios tocando meu ombro, tentando me fazer olhar para trás. Mas eu não olho. Porque no dia em que eu olhar eles vão me reconhecer e nunca mais me deixar sair.