Video - A Noiva das Sombras: O Pacto de Salgueiro Roxo

A noite caía como um manto de piche sobre Salgueiro Roxo, e o cheiro de ferro enferrujado e terra revolvida pairava no ar úmido. Clara (22, vestindo um casaco vermelho desbotado, o único brilho na escuridão), estava paralisada. Ela não ouviu apenas risadas, mas sim uma gargalhada rouca e incessante que parecia vir de dentro de seus próprios ossos. Era um convite maligno que a puxava, uma força mais forte que o medo. Com cada passo hesitante em direção ao cemitério, os sussurros se intensificavam, chamando seu nome: "Clara... a Noiva...". As lápides de mármore antigo, cobertas de musgo cinzento, pareciam não apenas se inclinar, mas sim mover suas sombras grotescas, observando-a. Ao chegar ao portão de ferro forjado, enferrujado e retorcido, o espetáculo macabro se revelou. Os mortos não apenas sorriam; eles gargalhavam, suas mandíbulas pendendo, os rostos esqueléticos deformados em expressões de alegria abissal. O chão tremeu sob seus pés, e braços esqueléticos, finos como galhos secos, emergiram da terra fofa, agarrando seus tornozelos com uma força surpreendente. "Bem-vinda, Clara," disseram em uníssono, suas vozes misturadas em um coro de poeira e ultratumba. O sorriso dos mortos era o selo de um pacto sombrio. Ela se debateu em pânico histérico, o casaco vermelho rasgando-se contra a pedra. Ao amanhecer, o vilarejo estava silencioso e vazio. Apenas uma nova risada, mais jovem e feminina, ecoava do campo santo, marcando o novo silêncio de Salgueiro Roxo.